A ginecologista e obstetra Juliana Ribeiro responde às dúvidas frequentes sobre esse que é um dos métodos mais eficazes de contracepção.
Tem mulher que detesta menstruar e prefere a vida sem os dissabores dos sangramentos mensais. Já outras vivem as oscilações do ciclo como algo natural, e aprendem a conviver com os altos e baixos sem maiores problemas. Algumas sofrem com cólicas e sangramentos abundantes. Outras passam quase ilesas pela menstruação.
Ninguém é igual a ninguém, e justamente por isso a escolha do melhor método anticoncepcional não é receita de bolo. Não é porque um método funciona para a sua amiga, que ele vai funcionar para você. Da mesma forma, não é porque um método foi bom em um período da sua vida, que ele segue sendo a melhor opção.
Uma conversa individualizada com seu médico é essencial para compreender os prós e contras de cada opção, afastar dúvidas e possibilitar uma escolha acertada.
A liberdade de não ter que se preocupar com a contracepção a todo momento é tentadora, mas muitas ainda se sentem inseguras em relação ao uso do Dispositivo Intrauterino, o DIU. Aqui, a ginecologista e obstetra Juliana Ribeiro aborda algumas das principais questões para embasar a sua conversa com o ginecologista. Confira:
DIU Hormonal ou DIU de Cobre?
Nos últimos anos, a procura pelo DIU de cobre tem aumentado, já que muitas mulheres preferem alternativas não hormonais. A inserção de ambos é bastante semelhante, mas existem diferenças significativas no modo de ação e nos efeitos no organismo.
DIU Hormonal (Mirena):
- O DIU hormonal usa um tipo de hormônio diferente das pílulas tradicionais, além de uma concentração menor, e por isso, na grande maioria dos casos, ele não age no sistema nervoso, inibindo o ciclo ovulatório. Sua ação é local, alterando o muco cervical para dificultar a ascensão do espermatozoide. Essa diferença também é responsável por reduzir a chance de efeitos colaterais comuns da pílula, como náuseas, vômitos e diminuição da libido, e apresenta risco de trombose muito inferior às pílulas convencionais.
- O hormônio liberado pelo Mirena (levonorgestrel) tem uma ação local que ajuda a reduzir o sangramento menstrual e as cólicas. Além disso, pode ser utilizado no tratamento da endometriose, aliviando sintomas como dor e menstruações intensas.
- Ele é eficaz por até 5 anos e, em muitos casos, pode levar à amenorreia (ausência de menstruação). No entanto, a taxa de amenorreia não é de 100%, e a resposta varia de mulher para mulher.
DIU de Cobre:
- O DIU de cobre não libera hormônios. Sua ação se dá pela reação do ambiente uterino ao cobre, que dificulta a fertilização.
- Sua duração é de 10 anos
- É comum que o DIU de cobre aumente o volume e a duração do sangramento menstrual, além de causar cólicas mais intensas. No entanto, não interfere no ciclo ovulatório.
- Não há risco de interferir com outros medicamentos, como antibióticos ou antidepressivos, ao contrário da pílula anticoncepcional, que pode ter suas interações com alguns remédios.
- O custo do DIU de cobre é significativamente menor que o do DIU Hormonal.
Inserção do DIU: Como Funciona
Na Célula Mater, é possível fazer a inserção do DIU em consultório ou no nosso centro cirúrgico, com sedação. Essa escolha depende da sua sensibilidade e tolerância ao desconforto. Cada paciente pode ter uma experiência diferente: algumas mulheres relatam não sentir nada durante a inserção, enquanto outras podem achar o procedimento mais doloroso. “Costumo sugerir às minhas pacientes tentar fazer a inserção no consultório, já que ela é mais rápida e geralmente tranquila, visto que usamos alguns recursos para diminuir a dor. Se ela não tolerar a dor, agendamos o procedimento no centro cirúrgico”, conta Juliana.
Entenda as diferenças entre os dois:
No Consultório:
- A inserção é feita em consulta e dura cerca de 10 minutos.
- O médico pode sugerir o uso de analgésicos antes e depois da inserção para diminuir a dor, que é semelhante à das cólicas menstruais. Também é comum o uso de uma bolsa térmica quente antes da inserção para ajudar a relaxar.
- Ainda é possível lançar mão de uma anestesia local no colo do útero.
- A mulher fica na posição ginecológica, similar à da coleta do Papanicolau, e o canal vaginal é limpo antes da inserção do dispositivo no útero.
No Centro Cirúrgico:
- É necessário jejum de xx horas.
- O procedimento leva de 30 a 40 minutos.
- É feita uma sedação, e a paciente não sente nada ao longo da inserção.
Efeitos Colaterais e Adaptação
DIU Hormonal:
- A adaptação ao DIU hormonal pode resultar em sangramentos irregulares, conhecidos como spotting, durante os primeiros 3 a 6 meses. Caso isso persista ou se torne muito incômodo, pode ser necessário retirar o DIU.
- Algumas mulheres podem não menstruar com o Mirena, mas isso é uma resposta individual. Caso a mulher prefira menstruar, o Mirena ainda pode ser uma opção, mas é importante entender que os efeitos variam de pessoa para pessoa.
DIU de Cobre:
- O DIU de cobre pode causar aumento do fluxo menstrual e cólicas mais intensas, especialmente no período inicial. Caso os sintomas se intensifiquem ou se tornem incômodos, é possível considerar a retirada do dispositivo.
Cuidados Pós-Inserção
Após a inserção, é necessário fazer ultrassonografia de controle após um mês para verificar se o DIU está bem posicionado. O risco de deslocamento espontâneo é maior no primeiro mês.
É importante seguir algumas orientações para garantir o sucesso do método e evitar complicações. Além da ultrassonografia de controle, pode ser recomendada a manutenção do contraceptivo anterior até o primeiro mês após a inserção do DIU.