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Mulheres de volta à pista

Separadas de relacionamentos duradouros, elas querem explorar a redescoberta da vida sexual. Mas alguns cuidados são importantes.

Você passou anos, ou até décadas, com uma única parceria. Ali, todos os caminhos pareciam conhecidos. E então, a relação acabou. Depois da separação, você se vê diante de um novo cenário de paquera. 

Haja jogo de cintura! Desde a última vez em que se viu nessa situação, muita coisa pode ter mudado. Não é só o uso de aplicativos de namoro. Toda a cultura da sedução, do que se comunica, do que se busca no encontro amoroso ou sexual, passou por uma revolução, e o aprendizado dessa nova linguagem já pode ser bastante desafiador. Mas não é só. 

As mulheres que se separam de relacionamentos duradouros não raro se sentem inseguras com a sua autoimagem. Outras vezes, podem se ver às voltas com questões ligadas à maternidade ou à menopausa, e não se sentirem confortáveis para dividi-las com uma parceria com quem não têm intimidade.

Mas se a mudança veio para ficar, é hora também de enfrentar alguns tabus, como por exemplo o uso de lubrificantes. Não há nada de errado em precisar deles. Existem muitos, para todos os gostos, e eles ajudam e muito a tornar a relação sexual mais prazerosa. A Dra Juliana Ribeiro, ginecologista da Célula Mater, dá aqui algumas dicas para você escolher o lubrificante mais adequado.

Agora, novos parceiros sexuais também trazem à tona a necessidade de prevenção contra Infecções Sexualmente Transmissíveis, as ISTs. A mudança em relação ao tratamento do HIV – que, graças aos coquetéis antivirais, hoje deixou de ser uma sentença de morte – faz com que muita gente dispense o uso da camisinha. Um erro grave. Além do HIV, há diversas outras ISTs e elas são muito mais comuns do que se imagina. Algumas passam anos despercebidas e só vão ser descobertas quando as complicações já tiverem se tornado graves. E a grande maioria pode ser facilmente tratada quando detectada no início.

Os avanços da Medicina trouxeram outras boas novas para mulheres na prevenção de ISTs. Para dar uma forcinha nesse retorno ao mundo dos namoros, pedimos ao infectologista Jonathan Czeresnia que elaborasse um guia básico para que todas estejam seguras e se cuidem para uma vida sexual saudável e prazerosa nessa nova fase da vida.  Especialmente se você tem múltiplos parceiros, fique ligada nas vacinas e exames preventivos, já que muitas ISTs podem ser assintomáticas, mas com sérias consequências a longo prazo.:

Exames Preventivos

  • Papanicolau: A recomendação atual é que o exame seja feito a cada 5 anos se os resultados forem negativos, mas é importante consultar um ginecologista para ajustar a frequência conforme o caso.
  • Testagem Regular para ISTs: Testes para gonorreia, clamídia, sífilis e HIV são recomendados a cada 3 meses, especialmente para quem tem múltiplos parceiros sexuais.

HPV

  • Mesmo que você já tenha sido previamente vacinada contra o HPV, vale a pena repetir a vacinação, especialmente com a versão nonavalente, que protege contra diversos tipos de HPV, incluindo os oncogênicos.
  • A recomendação para a vacinação contra o HPV na rede pública é válida até 45 anos. Após essa idade, não há uma recomendação formal para a vacinação, mas ela pode ser feita por conta própria, sem contraindicações.
  • Vale a pena se vacinar inclusive se você já tem HPV:  O HPV é composto por centenas de tipos diferentes. Mesmo que você já tenha sido diagnosticada com um tipo, não significa que tenha imunidade contra outros, especialmente contra os tipos de HPV que podem causar câncer (oncogênicos).

HIV

  • PrEP para Mulheres: A profilaxia pré-exposição (PrEP) é uma opção de prevenção para mulheres, mas nem todos os medicamentos foram testados especificamente para o sexo feminino. O HIV, embora mais raro em mulheres cis, exige mais estudos para garantir a eficácia da PrEP nesse grupo.

Uma das principais opções é o Truvada, um comprimido diário com mais de 95% de eficácia, sendo similar ao anticoncepcional. Ele pode ser utilizado por anos como prevenção, principalmente para mulheres com múltiplos parceiros e que não usam preservativo. Fora do Brasil, há uma opção injetável, que é administrada a cada dois meses.

Sífilis

A sífilis tem registrado aumento significativo nos últimos anos, sendo uma doença muitas vezes assintomática nas fases iniciais. Sua manifestação inicial é uma úlcera indolor que pode desaparecer após alguns dias, mas pode ser difícil de perceber, especialmente se estiver dentro da vagina. Se não tratada, pode levar a complicações graves, como cegueira, surdez, infecção no cérebro e até mesmo sífilis congênita, que pode ser transmitida para o bebê.

O tratamento é simples e envolve a aplicação de penicilina, mas o diagnóstico pode ser complicado, exigindo uma abordagem especializada. A testagem frequente é essencial, pois a doença pode passar despercebida nos estágios iniciais.

Outras ISTs 

Gonorreia e Clamídia

  • Ambas são diagnosticadas por exames de urina ou swab vaginal/oral, dependendo da prática sexual. Embora frequentemente assintomáticas, elas podem ser facilmente tratadas com antibióticos.
  • Se não tratadas, podem causar complicações, incluindo infertilidade, mas essas complicações não são comuns.

Profilaxia Pós-Exposição

  • Para gonorreia, sífilis e clamídia, existe a profilaxia pós-exposição, mas os estudos não comprovaram sua eficácia em mulheres cis. Já em homens gays, a profilaxia é eficaz com comprimidos.

Herpes Genital

  • A prevenção do herpes genital é desafiadora, pois o vírus pode ser transmitido mesmo na ausência de lesões visíveis, por meio do contato com mucosas.
  • Tratamento: Medicamentos como o valaciclovir podem ajudar a reduzir a duração das lesões e a frequência das recaídas, mas não impedem a transmissão do vírus.

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