Fique atenta ao que se pode fazer para tentar evitar a prematuridade
Quem desvendar os mecanismos que levam ao início do trabalho de parto vai ganhar um prêmio Nobel. Essa é a chave para prevenir a prematuridade, a principal causa de mortes de crianças até 5 anos de idade.
Embora a medicina hoje consiga salvar bebês muito prematuros (até mesmo 24 semanas), ainda é fato que crianças que nascem antes da hora – ou seja, antes das 37 semanas de gestação – têm mais riscos de complicações respiratórias, infecções, hemorragias interventriculares e problemas de intestino imaturo.
Além disso, existem estudos que associam doenças da fase adulta, como diabetes e hipertensão, e até mesmo depressão, ao parto prematuro.
Principais causas da prematuridade:
Enquanto pesquisadores do mundo todo estão na corrida, existem algumas formas de calcular quem são as gestantes com maior risco e, com isso, tomar providências para a prevenção.
Segundo a Dra. Ana Paula Mosconi, especialista em medicina fetal da Célula Mater, em 30% dos casos os motivos vêm de complicações maternas, como pré-eclâmpsia e fatores que levam à restrição de crescimento.
‘‘Se o feto não está na excelência de oxigenação cerebral, a grande questão é avaliar até que momento se deve levar a gestação’’, explica.
Marcadores no ultrassom e no sangue materno são capazes de detectar pacientes com o risco de aparecimento de pré-eclâmpsia. Outra ferramenta que temos é o acompanhamento de colo uterino para predição de parto prematuro. Gestantes com colo curto têm maior risco de entrar em trabalho de parto prematuro e por isso, devem ter um seguimento pré-natal diferenciado. Existem várias linhas de tratamento a depender do caso:
E o tratamento também vem se aprimorando. No ano passado, por exemplo, uma pesquisa mostrou o benefício do uso de aspirina para pacientes de risco, diminuindo entre 80 e 90% as chances de desenvolver uma pré-eclâmpsia grave.
Só que sete em cada dez casos de prematuridade surgem espontaneamente, e muitos sem aviso nenhum.
A gestante começa a ter contrações doloridas, imunes ao tradicional banho quente e antiespasmódico, que costuma desacelerar falsos trabalhos de parto, e é preciso então correr para o hospital, onde, algumas vezes, ainda se pode tentar segurar o bebê.
Dentre os múltiplos fatores que levam a uma situação dessas, destaca pelo menos um que pode estar nas mãos das grávidas: o estresse. Hoje em dia, muitas mulheres querem provar que a gravidez não influencia na produtividade.
A médica destaca que não prega o repouso total, mas apenas tomar alguns cuidados para flexibilizar a rotina, como se alimentar nas horas adequadas, descansar depois do almoço, praticar exercícios de leves a moderados e preservar as horas de sono.
Se a mulher viver agitada demais, a própria natureza pode provocar o parto, no sentido de tentar aumentar as chances de sobrevivência do bebê. ’’Infelizmente, tem casos em que só depois de um sinal mais sério a gente consegue convencer a gestante a diminuir o ritmo’’, revela.
Outra causa que vale ressaltar são as infecções. Daí a importância de realizar exames de urina, que fazem parte da rotina pré-natal, ficar atenta a qualquer corrimento diferente, queixas urinárias e visitar o dentista.
Existem antibióticos seguros para o bebê que resolvem esses problemas e previnem maiores consequências.
Grávidas de gêmeos, mais numerosas com os tratamentos de fertilização, também são fortes candidatas a um trabalho de parto antes das 37 semanas. ‘‘A gestação múltipla aumenta em pelo menos dez vezes o risco de prematuridade’’, explica Ana Paula Mosconi.
Apenas 15% dos prematuros espontâneos têm uma história prévia de prematuridade.
Essas e todas as outras deverão passar por uma avaliação da medida do colo do útero – região que, na gravidez, serve como barreira na passagem da vagina para o útero. Esse exame, realizado junto ao ultrassom morfológico do segundo trimestre, verifica se o colo está longo o suficiente para segurar a gestação pelo menos até a 34a semana. Caso contrário, é possível lançar mão de comprimidos de progesterona vaginal. ‘‘Elas fortalecem as fibras colágenas e a vascularização do colo’’, explica Ana Paula.
Outra carta na manga para essas mulheres é a cerclagem – um pequeno ponto que se dá no colo do útero. É um procedimento cirúrgico que deve ser feito no hospital.
E, por último, existe também o pessário vaginal, um anel de silicone, que pode ser uma alternativa. ‘‘O acompanhamento com os exames disponíveis e um profissional atento é o que pode fazer a diferença’’, resume Ana Paula.
Fonte: Revista Célula Mater Press, edição 20, 2019.
Conselho Editorial: Equipe médica Célula Mater
Jornalista Responsável: Débora Mamber Czeresnia