O número de pessoas com Infecções Sexualmente Transmissíveis não deixa dúvida: transar sem camisinha nunca foi tão arriscado.
Sabe aquela cena clássica de filme, quando algum mocinho metido a corajoso resolve colocar uma única bala no tambor do revólver, girá-lo e testar a sorte apertando o gatilho contra a cabeça? Fazer sexo sem camisinha pode estar se tornando uma modalidade nova de roleta-russa.
Então, se você acha essa afirmação exagerada, veja só o número divulgado em junho pela Organização Mundial de Saúde (OMS):
E o problema fica ainda mais grave se levarmos em consideração que a enfermidade pode passar de mãe para filho, gerando uma chamada sífilis congênita. Praticar essa roleta-russa sexual é o que boa parte dos jovens vem fazendo, segundo a pesquisa Juventude, Comportamento e DST / AIDS, que entrevistou 1.208 jovens entre 18 e 29 anos, de 16 estados brasileiros.
Os dados apontam que, de cada dez, quatro acham que não precisa usar preservativo em uma relação estável e três desconfiariam da fidelidade do parceiro se ele propusesse sexo seguro.
O estudo mostrou ainda que mais de 40% não acham o preservativo eficaz na prevenção de ISTs e da gravidez e 36% deles não o utilizaram na última vez que tiveram relação.
Com a evolução da ciência e o aparecimento de novos tratamentos, muitos acham que, se alguns pegarem o vírus, basta tomar comprimidos. Esquecem que esse é ainda um mal sem cura e que vai exigir o uso de medicamentos para o resto da vida, muitas vezes com efeitos colaterais.
“Outras causas que nos encaminharam a esse cenário são as drogas, que levam a comportamento de risco, e os sites e aplicativos de relacionamento, que facilitam o encontro de parceiros”, conta Fernando de Souza Nóbrega.
No que diz respeito aos apps de paquera, o caso é tão grave que levou a OMS a fazer um alerta sobre a relação entre eles e o risco de uma epidemia de ISTs. Mas quem pensa que esse assunto só diz respeito aos jovens está desatualizado.
“Também houve crescimento dos casos nas mulheres acima de 40 anos e nos homens com mais de 50”, revela Natalia Zekhry, da clínica Célula Mater.
Afinal, eles também estão cada vez mais ativos sexualmente – e também estão sendo displicentes com o uso do preservativo.
“Entre os homens idosos, há ainda o aumento do uso de medicações para a disfunção erétil, associado ao comportamento sexual de risco”, conta Nóbrega. “Entre as mulheres dessa faixa etária, a diminuição da lubrificação vaginal favorece o surgimento de microlesões, que aumentam o risco de transmissão de infecções sexualmente transmissíveis”, acrescenta.
Há ainda outro fator de risco importante nessa epidemia: a falta de informação. A maioria da população não tem ideia de quais são os sintomas das ISTs, e por isso não procura tratamento e segue propagando o problema por aí.
Isso sem falar que muitas vezes essas ocorrências são silenciosas ou apresentam sinais mais brandos, o que dificulta ou atrasa o diagnóstico, elevando o risco de uma complicação. Aliás, é por esse motivo que o termo DST foi substituído por IST, já que os infectados podem não estar necessariamente doentes.
“A sífilis, por exemplo, pode se integrar com uma ferida indolor na região genital, que desaparece espontaneamente em alguns dias”, conta Nóbrega. “Caso não seja tratada, progredir e apresentar feridas disseminadas pela pele com o comprometimento de outros órgãos, como cérebro, nervos e coração.”
Além disso, as ISTs podem levar a outras complicações, como infertilidade, câncer e até morte.
Outro problema enfrentado pelos especialistas é que os microrganismos que provocam essas enfermidades estão ficando cada vez mais resistentes, levando a casos como os chamados supergonorreia, que fez algumas vítimas no Reino Unido e na Austrália no ano passado.
Considerado um assunto tabu, ele é escondido tanto dos médicos quanto dos parceiros. Resultado: ninguém se trata e segue propagando o problema. Há motivos suficientes para discutir com seu médico a opção de realizar exames da secreção vaginal na sua visita de rotina, e não apenas quando há uma suspeita. E, é claro, não dispensam a vacina contra o HPV. Está mais que provado: quando se trata de camisinha, bancar a destemida na cama não é uma brincadeira inofensiva.
Desde já, conheça mais detalhes sobre as ISTs mais comuns:
SÍFILIS tem diferentes estágios. No primário, apresenta ferida, normalmente única, que não dói e nem coça, no local onde o microrganismo se instalou – geralmente pênis, vulva, vagina, colo uterino, ânus, boca, ou outros locais da pele de dez a 90 dias após o contágio. Ela pode ser acompanhada de caroços na virilha.
Na segunda fase, que acontece cerca de seis meses após a cicatrização da ferida inicial, aparecem manchas no corpo e podem ocorrer febre, mal-estar, dor de cabeça e ínguas.
Na terceira, lesões na pele, ossos, coração e cérebro dão como caras, podendo levar à morte. O tratamento é feito com antibióticos.
GONORREIA causa dor ao urinar, coceira na uretra e secreção no pênis e na vagina. Os homens ainda podem sentir dor testicular e as mulheres dor pélvica. Em alguns casos, é assintomática. Também é combatida com a ajuda de antibióticos.
CLAMÍDIA muitas vezes não apresentam sintomas, mas, quando aparecem, são dor ao urinar, corrimento amarelado ou sangramento durante a relação sexual. Também exige o uso de antibióticos.
HPV seu nome é uma sigla em inglês para Papilomavírus Humano, o microrganismo por trás da enfermidade. Ele provoca verrugas na região genital e no ânus e pode levar a um câncer.
Pode ficar latente por meses ou até anos e somente dar as caras diante da baixa resistência do organismo. Ela pode ser prevenida através de vacina e combatida com o tratamento das lesões e uso de medicamentos que ajudam a melhorar o sistema de defesa do organismo.
MYCOPLASMA GENITALIUM esse é o nome da bactéria que se alastrou pela Europa no ano passado e deixou os alarmados por resistir ao tratamento com alguns tipos de antibiótico. Entre os seus sintomas podem aparecer febre, ardor ao urinar, corrimento vaginal, dores pélvicas constantes, incômodo durante a relação sexual, aborto e infertilidade nos casos mais graves. Além de não sucumbir com qualquer droga, ela desafia o diagnóstico porque dá sinais muito parecidos com outras infecções sexualmente transmissíveis e o exame que confirma a sua existência não é facilmente encontrado. Mais uma razão para não abrir mão da camisinha.
O Dr. Fernando sempre teve afinidade com o universo da saúde. Filho de funcionários de hospitais, cresceu com acesso a livros e informações médicas. Por gostar da área e de grandes desafios, escolheu a medicina.
Após um ano de estudos nos Estados Unidos, cursou medicina na USP e trabalhou como médico na Marinha do Brasil, em Manaus, durante um ano. Com o retorno a São Paulo, se especializou em ginecologia e obstetrícia e, em seguida, em oncologia ginecológica.
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Com 22 anos de experiência em medicina, a Dra. Natalia já atuou em diversos hospitais e ambulatórios e, ao longo dos anos, se especializou em patologia do trato genital inferior e medicina antroposófica.
Mãe de três filhos, ela se sente motivada por apoiar o nascimento de forma gentil e humanizada. Além disso, aprecia o trabalho multidisciplinar que pode realizar dentro da Célula Mater.
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