Algumas pesquisas indicam que até dois terços das mulheres com endometriose já apresentam os primeiros sintomas da doença durante a adolescência.
Muitas vezes, os sintomas iniciais da endometriose, como dor pélvica e menstruações dolorosas, são pouco valorizados ou confundidos com outras causas, levando a um atraso de até 11 anos no diagnóstico correto da doença, sendo que a faixa de idade mais comum ao diagnóstico é entre 25 e 35 anos.
A endometriose na adolescência, além de causar dor pélvica crônica e menstruações dolorosas, também pode causar outros sintomas, que costumam se intensificar durante os períodos menstruais:
Nota:
De acordo com o nosso ginecologista obstetra e especialista em cirurgia robótica, Dr. Fernando Nobrega, um sintoma muito relatado por mulheres com endometriose é a dificuldade para engravidar. No entanto, no contexto da adolescência, ele se torna um sintoma menos relevante porque essa não é uma queixa comum nesse grupo etário e, por isso, no restante da matéria, seguiremos com foco nos sintomas dolorosos associados à endometriose.
O diagnóstico de endometriose na adolescência nem sempre é óbvio.
Algumas mulheres com endometriose não apresentam sintomas dolorosos e algumas mulheres com sintomas dolorosos na pelve não têm endometriose. Por esse motivo, cada paciente precisa ser avaliada de forma cuidadosa e receber a investigação e o tratamento adequados para seu caso.
Durante a avaliação clínica, o médico poderá suspeitar de endometriose baseando-se na história clínica que a paciente conta, principalmente se ela relatar sentir mais de um dos sintomas descritos anteriormente ou durante o exame físico ginecológico, quando poderá detectar alterações sugestivas de endometriose, como a presença de nódulos dolorosos na pelve ou na vagina ou aumento do tamanho dos ovários associados a dor.
Diante da suspeita de endometriose, o médico poderá seguir um ou os dois caminhos a seguir:
Aqui, na Célula Mater, oferecemos o exame US Transvaginal para pesquisa e mapeamento de endometriose.
Ele é realizado por nossa médica Dra. Regina Marcia Yoshiassu, especialista em Diagnóstico por imagem.
Independentemente do caminho escolhido, todas as pacientes se beneficiam de medidas gerais para controle de
sintomas, como manter dieta saudável, prática regular de exercícios físicos e diminuição do estresse.
Todas essas medidas ajudam a controlar os sintomas porque diminuem a inflamação causada pela endometriose, diminuem a intensidade e a duração dos sintomas e ajudam a prevenir o retorno da endometriose após o tratamento.
Tratamentos não medicamentosos, como uso de compressas mornas no abdome para controle de cólicas
menstruais ou intervenções como acupuntura e fisioterapia analgésica também são muito importantes entre as opções disponíveis no tratamento de doenças dolorosas como a endometriose.
Havendo necessidade, será oferecido tratamento medicamentoso para tratar a dor associada à endometriose, que
consiste basicamente em analgésicos e anti-inflamatórios ou tratamento hormonal, que pode ser feito com pílulas
anticoncepcionais comuns ou pílulas contendo apenas progesterona em sua composição.
Caso haja insucesso em se tratar os sintomas com as medidas gerais de estilo de vida e com os tratamentos
medicamentosos e não-medicamentosos para a dor, a cirurgia para remoção dos focos de endometriose aparece como opção terapêutica seguinte.
A cirurgia para tratamento de endometriose é realizada de preferência por via minimamente invasiva,
como laparoscopia ou cirurgia robótica, e visa remover todos os focos visíveis de endometriose, com a expectativa de que a remoção da fonte de inflamação resulte em alívio dos sintomas e melhora na qualidade de vida.
Se você tem os sintomas descritos nesse blog ou se acha que pode ter endometriose, não deixe de procurar ajuda. Marque uma consulta com um ginecologista e conte todos os seus sintomas.
O Dr. Fernando Nobrega trouxe algumas dicas para você se preparar para a consulta:
Suas anotações também pode ajudar o médico a entender melhor sua situação particular.
O Dr. Fernando sempre teve afinidade com o universo da saúde. Filho de funcionários de hospitais, cresceu com acesso a livros e informações médicas. Por gostar da área e de grandes desafios, escolheu a medicina.
Cursou medicina na USP e lá se especializou em ginecologia e obstetrícia e em seguida em oncologia ginecológica. Hoje é especialista em cirurgia laparoscópica e cirurgia robótica e dedica a maior parte do seu tempo para tratar doenças como endometriose, mioma e câncer ginecológico.
Confira o vídeo do Dr. Fernando Nobrega aqui
Dra. Regina se apaixonou pela medicina ainda pequena, pois queria ajudar as pessoas que ficavam doentes. Com apenas 9 anos, já tinha a certeza de qual profissão seguir. Hoje, com 24 anos de experiência médica, ainda acha que dar notícias ruins é seu maior desafio e busca ser uma profissional cada vez melhor, por meio da constante atualização e vontade de se manter sempre à frente.
Cursou Medicina na PUCCAMP, se especializou em Ultrassonografia no Colégio Brasileiro de Radiologia e também na Sociedade Brasileira de Ultrassonografia, se aperfeiçoando em um curso no Instituto Thomas Jefferson de Ensino e Pesquisa – Filadélfia, Pensilvânia (EUA).
Confira o vídeo da Dra. Regina Yoshiassu aqui
Referências
Hirsch M, Dhillon-Smith R, Cutner AS, et al. The Prevalence of Endometriosis
in Adolescents with Pelvic Pain: A Systematic Review. J Pediatr Adolesc
Gynecol 2020.
Ballweg ML. Big picture of endometriosis helps provide guidance on
approach to teens: comparative historical data show endo starting younger,
is more severe. J Pediatr Adolesc Gynecol 2003.