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Quando chega a hora de falar sobre sexo com suas filhas: Um guia para as mães

Se você é mãe e acha que a iniciação sexual da sua filha é um tema de um reino muito, muito distante, ou então prefere bancar o tatu-bola quando ele vem à tona, esse texto é para você.

Que os jovens só pensam naquilo, você já sabe (embora prefira não admitir). O começo da vida sexual é assunto espinhoso mas, mais dia menos dia, será preciso enfrentá-lo. Talvez enfrentar não seja a melhor palavra. Abrir caminho, isso sim soa melhor. Para que a conversa possa acontecer, sem grandes travas. Não, não é fácil. E mesmo que mãe e filha tenham uma boa relação, quando se trata de falar de sexo, não raro o papo engripa.

É nesse vão, nesse desencontro de mulheres de duas gerações, cuja relação é povoada pelo acúmulo de gestos, palavras, experiências, placenta, DNA e tudo o mais, que moram dúvidas, medos e angústias. A menina que começa a vida sexual navega em águas desconhecidas, tortuosas, e que podem ser turbulentas. É um espaço muitas vezes solitário, mas também povoado por amigas, amigos, parceiros, parceiras. Além, é claro, de influencers, blogueiras, sites e afins, que preenchem com respostas nem sempre confiáveis as perguntas delas.

É nesse espaço que se encaixa a ginecologista. Um outro adulto de confiança que chega para trazer para a mesa conversas necessárias, com jeitinho e embasamento médico, mas sem a carga emocional da relação mãe e filha. 

Conversas preliminares

Para construir essa proximidade entre a ginecologista e a jovem, às vezes é preciso um certo tempo. São camadas de vergonha e de silêncio que devem ser descascadas. É por isso que é recomendável que a primeira consulta aconteça quando a menina menstrua e não só após a primeira relação. A ideia é que esse encontro aconteça ainda na época da primeira menstruação e seja um momento especial de partilha sobre autocuidado, sobre conhecer seu próprio corpo e as oscilações do ciclo que se inicia com a chegada da menstruação. 

O início da menstruação é também oportunidade para que as mães possam trazer o assunto do autocuidado com as partes íntimas. “A mãe pode ter conversas sobre a higiene íntima, frequência de troca dos absorventes, os tipos de absorventes disponíveis, o melhor sutiã/top e as mudanças inerentes às fases do ciclo”, sugere a ginecologista e obstetra Juliana Zampieri, da Célula Mater. É uma maneira de se aproximar do assunto, sem tocá-lo diretamente.

Hora de falar sobre sexo

Desse momento até a hora de falar sobre sexo, ano após ano, a médica acompanha o desenrolar do desenvolvimento da menina. Até que o assunto venha à tona. Juliana  conta algumas situações comuns no consultório: “Às vezes são as mães que trazem suas filhas e dizem, ‘Minha filha ainda é muito nova pra isso, não tem namorado, não chegou nessa fase. Mas a menina, quietinha ali do lado, depois expressa já estar em outro momento.” Segundo a médica, outras vezes a jovem já tem relações há algum tempo, mas não compartilha com a mãe. O desconforto é de mão dupla, já que as próprias meninas também não querem ter sua privacidade invadida pela mãe. E portanto é quando a mãe sai da sala que elas podem conversar mais à vontade.

Que fique claro para ambas: o sigilo médico é garantido por lei e vale mesmo para pacientes menores de idade, salvo quando a não revelação possa acarretar dano ao paciente. Mas não é só no sentido legal que essa troca é sagrada. Quando é possível pavimentar uma confiança verdadeira, as turbulências desse período podem ser acolchoadas por informações seguras, sem esquivas. 

A escolha do método anticoncepcional

A escolha do anticoncepcional pode ser incômoda para as mães, que devem entender que essa é sim uma escolha da menina. Juliana explica que o ideal é que o uso se inicie pouco antes da primeira relação sexual – que muitas vezes acontece com jovens também pouco experientes e tende a ser meio confusa. “A camisinha sai do lugar, ou a menina não tem certeza que foi feito o uso correto, ou infelizmente não fazem uso do preservativo…”, conta Juliana. Haja coração. E a rotina de uso do anticoncepcional não é menos difícil de ser assimilada. “Quando elas começam a tomar uma pílula é comum que surjam dúvidas, esqueçam um comprimido aqui outro alí, prejudicando a eficácia do método”, avisa a médica. É justamente pelo uso errático da pílula pelas jovens e adolescentes que as sociedades médicas preconizam métodos de longa duração como implante anticoncepcional ou o DIU para essa faixa etária. Isso pode soar assustador para as mães, que geralmente associam esses métodos ao sexo desprotegido. “A conversa do uso obrigatório da camisinha é fundamental, enfocando que é a única forma de prevenir doenças, e também uma segurança maior para evitar a gestação, independente do método que façam uso”, diz Juliana, que por experiência percebe que as jovens costumam prestar mais atenção quando se trata de prevenir uma gravidez indesejada do que quando o papo é apenas sobre a transmissão de doenças.

A questão que Juliana  tenta enfatizar com suas pacientes jovens é que a decisão de iniciar a vida sexual implica em mudanças importantes e que deve vir acompanhada de uma boa dose de responsabilidade. Porque escorregadas podem ter consequências muito ruins e duradouras. Quem é mãe está cansada de falar mil vezes a mesma coisa, com a sensação de que fala com a parede. Quando o papo vem da boca de um médico, os ouvidos delas ficam mais permeáveis.


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