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Jejum intermitente – Como fazer e seus benefícios

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Não é de hoje que a humanidade vem buscando a fonte da juventude eterna. Um elixir secreto, uma pílula mágica, um rio de águas que curam quem ali se banha são alguns dos mitos que há séculos povoam o imaginário das civilizações, ávidas por encontrar alguma forma de evitar as doenças que levam à morte – e, assim, prolongar a vida. A bola da vez passa bem longe de qualquer solução mágica. É o que se tem chamado jejum intermitente.

O Jejum intermitente é basicamente o hábito de ficar sem comer por determinados períodos, que variam de acordo com a orientação dos médicos e nutricionistas. Embora esse ainda seja um campo novo de pesquisas, alguns estudos já demonstraram resultados promissores.

Pode parecer coisa de faquir, mas tem muita gente querendo saber mais a respeito. No Brasil, o jejum intermitente foi a segunda maior busca no Google em 2017 na categoria ‘‘como fazer’’. Só que por motivos tortos. Sendo esse um país em eterna obsessão pela forma física e pelo emagrecimento, essa se transformou na mais nova panaceia nacional. ‘‘As pessoas acabam banalizando um pouco e fazendo uma indicação para todos. Isso não existe. O jejum intermitente é bom quando é bem indicado’’, pontua Walter Kantovitz, especialista em medicina de esporte e nutrologia.

O princípio é simples: ‘‘Em jejum, o seu corpo esgota as fontes rápidas de energia e começa a queimar a gordura’’, explica Kantovitz. Mas, segundo um estudo publicado em julho de 2017 pelo Journal of the American Medical Association, que acompanhou 100 adultos obesos durante um ano, a perda de peso entre os que entraram nessa onda foi praticamente a mesma que a observada no tradicional regime de restrição de calorias. Ou seja: que dá para perder peso, dá, mas não espere um milagre.

Jejum intermitente – Reprogramação celular

Para além das preocupações estéticas, o que tem chamado mesmo a atenção dos cientistas é a maneira como o jejum atuaria nas células. ‘‘Ele parece favorecer uma reprogramação celular’’, diz o ginecologista e obstetra Carlos Eduardo Czeresnia. Ele explica que, com o passar do tempo, as mitocôndrias (estruturas intracelulares responsáveis pela produção de energia) perdem eficiência.

‘‘Num indivíduo que se alimenta com regularidade, há muita energia disponível, e portanto as células não precisam ser eficientes’’, explica Czeresnia

Com essa lógica, muitos dos defensores do jejum intermitente levantam a bandeira contra a recomendação de comer a cada três horas, o que tornaria as células preguiçosas.

Pior é que, além de se tornarem improdutivas, essas mitocôndrias também liberam uma série de substâncias tóxicas que, ao longo dos anos, atacam o DNA das próprias células. Sem comida, acaba essa bonança. A falta de energia obriga as células a uma reciclagem interna. 

Como em qualquer empresa operando em regime de crise, as mitocôndrias que não cumprirem suas metas de produtividade vão para o olho da rua, sendo substituídas por outras novinhas e bem-dispostas ao trabalho. Batizada de autofagia, essa teoria foi tão celebrada que rendeu a seu autor, o japonês Yoshinori Ohsumi, o prêmio Nobel de Medicina em 2016.

Embora esse mecanismo ainda não tenha sido comprovado em seres humanos, há muitos indicadores de que o jejum intermitente provocaria sim uma espécie de faxina interna. Os estudos mostram que em adultos que seguiram essa prática houve uma melhora no perfil lipídico – ou seja, na quantidade de substâncias gordurosas no sangue – e uma diminuição das respostas inflamatórias do organismo como um todo.

Esse é um ponto-chave: ‘‘Hoje em dia, se acredita que grande parte dos processos de envelhecimento esteja ligada a mecanismos inflamatórios. Quanto mais inflamado for o indivíduo, mais riscos ele vai ter’’, diz Czeresnia. Diabetes, problemas autoimunes, câncer, distúrbios cardiovasculares… Muitos desses males estão relacionados à presença de substâncias inflamatórias que, pouco a pouco, deterioram o sistema vascular, prejudicando chegada de oxigênio aos tecidos. Sua prevenção, portanto, seria equivalente a uma goleada a favor da longevidade.

E não é só no sistema vascular que se medem os benefícios. Quando se fala em doenças degenerativas do cérebro, estudos em ratos demonstraram que o jejum intermitente pode suprimir o déficit motor em roedores com mal de Parkinson e diminuir o declínio cognitivo em ratos programados geneticamente para mimetizar os sintomas do mal de Alzheimer.

Animados com essas evidências, tanto Walter Kantovitz como Carlos Czeresnia decidiram não apenas receitar o jejum intermitente a alguns pacientes como também eles mesmos aderiram à prática. ‘‘Não é fácil’’, confessa Czeresnia, que adotou um jejum de 18 horas, duas vezes por semana. ‘‘No começo, você sente mais irritabilidade, mas é uma questão de hábito. Depois passa’’, relata ele, que diz sentir maior capacidade de concentração.

Segundo o médico, essa sensação poderia estar ligada à economia de energia com a digestão de alimentos, que seria então realocada para outros lugares, como o sistema nervoso central.

‘‘Quando se olha para a história de diversas culturas, muitos dos grandes sábios são pessoas que fizeram jejuns prolongados’’, lembra Czeresnia. Sabedoria à parte, se for mesmo essa a fonte de juventude que a humanidade vem buscando há milênios, será um belo exemplo da máxima: ‘‘No pain, no gain’’ (sem sofrimento, não há ganhos).

Importante: o jejum intermitente não é indicado para as grávidas.

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