Cuidados diários são essenciais para manter a flora vaginal equilibrada e, com isso, proteger todo o aparelho genital dos inimigos de plantão.
Imagine um exército estrategicamente posicionado e organizado para defender o seu território e barrar qualquer invasor que possa provocar problemas. Assim fica mais fácil entender como funciona a flora vaginal.
Nesse caso, os soldados são micro-organismos que precisam estar em equilíbrio para proteger todo o aparelho genital feminino de inimigos – desde os mais inofensivos, como a cândida, como outros que podem levar até mesmo a abortos ou infertilidade.
A arma secreta desse batalhão é a acidez. “Ela cria um ambiente desfavorável para a entrada e proliferação de micróbios que possam originar alguma doença”, conta Dra. Natalia Zekhry, ginecologista e obstetra da Clínica Célula Mater.
Os responsáveis pela acidez são os chamados bacilos de Döderlein, que se concentram na parede da vagina e se alimentam da glicose encontrada nas células, transformando-a em ácido lático.
“Mas o ideal é que ela não seja tão ácida assim, o que significa que o pH não deve ser menor do 4,5, característica que deve ser avaliada pelo médico, pois isso é um prato cheio para a cândida, o fungo que provoca a candidíase”, acrescenta Natalia.
Ter uma vida saudável é o primeiro passo para manter a flora vaginal funcionando como deveria. Existem, inclusive, evidências de que uma dieta rica em açúcar pode ser prejudicial para a flora vaginal por favorecer um desequilíbrio no nível de acidez da região e, por tabela, o desenvolvimento dos bacilos de Döderlein.
Alguns cuidados básicos com a higiene vaginal no dia a dia também são importantíssimos. Mas, mesmo com todas as precauções, algumas situações podem alterar esse ambiente:
“O uso de antibióticos também tem essa influência, pois o objetivo é matar floras de micro-organismos que estejam provocando problemas e, portanto, podem acabar matando parte da flora vaginal também”, explica Natalia.
Algumas doenças, como a diabetes, também podem estar por trás desse quadro. Todos esses fatores levam a uma desproporção entre os micróbios benéficos e os prejudiciais à flora vaginal, abrindo espaço para o aparecimento de problemas.
Em alguns casos, o próprio organismo se encarrega de restabelecer a ordem, mas existem momentos em que a ajuda de um especialista é necessária.
“Ardor, coceira, odor ou cor muito fortes ou diferentes do normal na secreção expelida pela vagina são sinais de que algo está errado e que é hora de procurar um médico”, alerta Natalia.
Mas é bom que fique claro que algumas alterações são provocadas pelas variações do ciclo hormonal feminino. “Perto da ovulação, por exemplo, esse líquido fica naturalmente com uma aparência que lembra a clara de ovo”, explica a médica.
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Veja quais são os principais micro-organismos que oferecem risco à flora vaginal
Candida SP
Trata-se de um fungo que provoca a candidíase, doença caracterizada por coceira, ardor e corrimento esbranquiçado e que se prolifera quando há umidade em excesso ou baixa de imunidade.
Chlamydia Ttrachomatis
Essa bactéria perigosa está por trás da clamídia, mal que pode ser transmitido sexualmente e causar infertilidade, aborto e parto prematuro sem apresentar sintomas em 70% dos casos.
Streptococcus B
Micróbio que vive na flora vaginal e gastrointestinal, na maioria das vezes sem provocar nenhum desconforto. Mas no caso das gestantes é considerado um risco, pois, se não for devidamente tratado, pode contaminar o bebê durante o parto, provocando problemas graves e até mesmo a sua morte. Por essa razão, um exame para detectá-lo é obrigatório no pré-natal.
À prova de invasores – Aprenda quais são os principais cuidados para manter a sua vagina saudável
Prefira calcinhas de algodão
Os tecidos sintéticos atrapalham a transpiração da região, facilitando a proliferação de bichinhos que podem provocar problemas. “O ideal é usar peças inteiras de algodão, e não só com o fundilho desse material”, diz Natalia Zekhry. Na hora de dormir, o melhor mesmo é não usar calcinha.
Não use absorventes diários
Eles sufocam a vagina e fazem com que a área fique em contato direto com as secreções. Por outro lado, usar a calcinha úmida também não é indicado. Por isso, se estiver em uma fase que está havendo mais liberação de líquidos vaginais, uma boa opção é levar uma calcinha extra na bolsa. “No entanto, se a pessoa vai passar o dia todo na rua ou vai fazer uma viagem longa, por exemplo, pode lançar mão desse produto, trocando-o a cada quatro horas”, orienta Natalia.
Cuidado ao lavar as suas calcinhas
Use sabão neutro. “Os amaciantes são extremamente alergênicos”, alerta Natalia. Outros produtos perfumados, como talco e papel higiênico, também não são indicados. Deixe-a secar ao sol ou em um local arejado e passe-as com ferro quente.
Evite o uso de roupas sintéticas e apertadas
Elas pressionam e abafam a região genital. Usar sempre calças de tecido grossos como o jeans também não é uma boa ideia. O ideal é alterná-la com modelos como saias e vestidos, que permitem que a área fique bem arejada.
Faça uma higiene cuidadosa após as evacuações
Passe o papel higiênico delicadamente da frente para trás. Do contrário, você pode acabar carregando para a vagina restos de fezes e bichinhos que ficam hospedados na região do ânus e podem provocar problemas se entrarem em contato com a flora vaginal. Os lencinhos umedecidos são uma boa opção para ajudar na limpeza dessa área.
Use sabonete suave
O melhor é lançar mão de produtos sem muito perfume e corante. No que diz respeito aos sabonetes íntimos, algumas pessoas se dão muito bem com eles e outras, no entanto, acreditam que ele deixa a região genital mais sensível. O melhor é não exagerar e ficar de olho na reação do seu organismo.
Tenha cuidado com a depilação
Normalmente ela não é um perigo, mas os pelos são uma barreira de proteção do corpo e a sua retirada total ou em grande quantidade abre espaço para a entrada de micro-organismos, que desencadeiam doenças. O cuidado com a escolha do local onde o processo será feito e o uso de produtos descartáveis são imprescindíveis.
Com 22 anos de experiência em medicina, a Dra. Natalia já atuou em diversos hospitais e ambulatórios e, ao longo dos anos, se especializou em patologia do trato genital inferior e medicina antroposófica.
Mãe de três filhos, ela se sente motivada por apoiar o nascimento de forma gentil e humanizada. Além disso, aprecia o trabalho multidisciplinar que pode realizar dentro da Célula Mater.
Conheça um pouco mais a Dra. Natalia Zekhry aqui.