Tá faltando vontade? Veja aqui as respostas para as perguntas mais frequentes sobre a libido feminina
Insatisfação com o próprio corpo, TPM, mudanças hormonais da menopausa… Muitas são as desculpas para as mulheres reclamarem da falta de desejo sexual. Mas, para a ginecologista Lucila Pires Evangelista, da Clínica Célula Mater, a fonte da libido feminina não tem nada de incompreensível: está mesmo é na maneira como a mulher lida psicologicamente com suas emoções e sua sexualidade.
A seguir, Lucila responde as perguntas que ajudam a desvendar o mistério da sexualidade feminina para que as mulheres possam, enfim, colher os frutos da revolução sexual.
Ela é mais comum do que se imagina. Segundo aponta uma pesquisa do Prosex (Programa de Estudos em Sexualidade da Universidade de São Paulo), afeta 5,8% das mulheres brasileiras entre 18 e 25 anos.
E, quanto maior a idade, menor a libido. Na faixa etária de 60 anos, 20% das mulheres têm baixo desejo sexual. Já para os homens, a libido tende a se manter estável mesmo quando alcançam os 60 anos.
A relação do homem e da mulher com a libido é completamente diferente. Para o homem, quanto pior for o dia dele, mais ele relaxa com a relação sexual. Para a mulher, isso não acontece. Em um dia ruim, o sexo é ruim.
Para a mulher ter desejo sexual, ela precisa estar no estado emocional adequado. Não é nada mecânico. É totalmente emocional.
No sexo feminino, o sexo é a cereja do bolo de um dia perfeito. E isso é uma consequência direta do estado emocional dela.
Hoje a mulher já é bem mais liberada que há algumas décadas, mas mesmo assim ainda existe uma repressão, principalmente na maneira com que ela percebe o desejo sexual.
Uma prova disso é justamente o sucesso de histórias como a do livro Cinquenta Tons de Cinza. A mulher que se sente confortável com o sexo ainda é vista com maus olhos, como se fosse uma prostituta.
Só muda o nome: hoje é “periguete”. As mulheres pensam menos em sexo do que os homens, de acordo com uma pesquisa com estudantes da Universidade de Ohio, nos Estados Unidos, publicada em 2011.
Os meninos pensam em sexo cerca de 19 vezes por dia. Já nas meninas, esse valor não passou de dez, quase menos que a metade do que os meninos. Os homens levam uma vida mais erotizada, de forma que sexo é menos tabu para eles do que para elas.
Antigamente, acreditava-se que o desejo sexual funcionava como uma fórmula: desejo leva à excitação, que gera o orgasmo. Mas nem sempre esse é o caso. A resposta da mulher não segue necessariamente essa ordem.
O mais comum é a mulher primeiro ter o estímulo, depois a excitação e, com isso, o desejo. O orgasmo é uma consequência de tudo isso.
Na clínica, é comum a mulher esconder as verdadeiras causas da falta de libido, colocando a culpa nos baixos níveis de testosterona. Mas isso não é verdade. O organismo feminino tem naturalmente menos testosterona que o masculino, mas isso não significa que temos menos desejo. Esse só é um fator relevante quando há uma patologia que afeta os hormônios, como a remoção de um ovário.
O ciclo menstrual é uma dança entre os hormônios estrógeno e progesterona. O ciclo começa com o estrógeno subindo em concentração e, consequentemente, gerando um maior desejo sexual.
Sábia como a natureza é, esse também é o período em que a mulher engravida com maior facilidade. Ou seja a fertilidade e a libido caminham juntas. O pico de estrógeno e, consequentemente, da libido, é quando a mulher ovula. A partir daí, a mulher diminui o estrógeno e aumenta a concentração de progesterona, hormônio que a deixa mais agressiva e menos disposta sexualmente. É por isso que a mulher não tem tanto desejo sexual na fase final do ciclo.
Durante e após a menopausa, a mulher pode apresentar menos desejo sexual por causa
de mudanças fisiológicas que acontecem em seu corpo. A vagina fica menos elástica. Ou
seja, a penetração machuca a mulher, que acaba associando o sexo à dor.
Vira um reflexo condicionado. Mas há formas de contornar essa questão, com o auxílio de medicamentos para reposição hormonal.
Mas a principal causa da falta de desejo sexual na mulher após a menopausa é como ela se percebe. É menos uma questão fisiológica e mais uma questão emocional. A mulher se sente velha e feia e isso acaba afetando mais a sua predisposição para o sexo. Mas muitas
escondem a falta de desejo atrás das mudanças fisiológicas pelas quais seus corpos estão passando. Elas não reconhecem que o problema não está na menopausa em si, mas em como a mulher se percebe.
Mais do que a gravidez, a amamentação é o que mais afeta a libido feminina. Além do estado psicológico, há fatores fisiológicos que interferem.
Na amamentação, o hormônio que está mais presente é a prolactina, substância que é inversamente proporcional ao desejo sexual. A prolactina também deixa a vagina mais seca, o que pode causar dor durante o ato sexual. Além disso, a parturiente tem problemas com o sono, o que a deixa mais cansada e menos predisposta para o sexo.
Sim, em alguns casos. É até curioso, uma vez que a mulher se sente menos preocupada com uma possível gestação indesejada e isso deveria ser motivo para ficar mais predisposta a ter relações. Mas isso varia de mulher para mulher.
Em alguns casos, esse método pode afetar o desejo sexual. Não há uma explicação fisiológica para isso.
Quando acontece, a mulher deve procurar seu ginecologista e buscar uma forma alternativa de contracepção.
Diferentemente do que existe para os homens, com medicamentos para disfunção erétil, para a mulher não há uma pílula mágica. Nem vai haver a curto e médio prazo. A sexualidade feminina é extremamente complexa e está muito mais associada ao emocional do que ao físico.
Em alguns casos específicos, como na menopausa, a reposição hormonal pode ajudar na questão da secura vaginal. Ao tratar esse sintoma, o sexo pode se tornar mais prazeroso e o desejo sexual retorna aos seus padrões anteriores.
É muito difícil separar na mulher o que é físico do que é emocional e psicológico.
Não há uma resposta única para isso. Em geral, um casal em sintonia, com uma vida amorosa harmoniosa, tem uma relação sexual mais prazerosa. O romance é fundamental para aumentar o desejo sexual da mulher.
A mulher também precisa se cuidar para manter sua autoestima. Não apenas fisicamente,
mas intelectualmente também.
É muito comum a mulher mais madura se preocupar de forma exacerbada com a aparência. Isso em nada afeta a libido. É como ela se percebe que pode afetar o seu desejo sexual.
É mais importante a mulher ser feliz. Isso, sim, já está comprovado até cientificamente: pessoas felizes transam melhor. É preciso se gostar por dentro, e não apenas por fora. Essa é a melhor forma de melhorar a libido da mulher.
Fonte: Revista Célula Mater, edição nº06, 2013.
Expediente
Conselho editorial: equipe médica Célula Mater
Editora-chefe: Débora Mamber Czeresnia
Reportagem: Gabriela Scheinberg
Direção de arte: E-Made Comunicação
Revisão de texto: Paulo Kaiser